Eu costumo dizer que uma das vantagens de ser/estar menos evoluído é que não precisamos cometer os mesmos erros de quem se desenvolveu antes (ou mais depressa) e que podemos acelerar essa melhora. No nosso caso, porém, isso não é tão verdade… Primeiro, porque muitas vezes teimamos em cometer erros já cometidos, mas segundo, e mais importante nesse momento, porque estamos no meio de uma revolução que está impactando o mundo do esporte simultaneamente: o digital.
Nesse universo, estamos menos atrasados em relação ao resto do mundo, pelo simples fato de que é tudo muito recente. E podemos não só participar juntos dessa revolução, como, em algumas situações, ser protagonistas. O brasileiro é o indivíduo que passa mais tempo online em redes sociais e o Brasil é um dos principais mercados do mundo para as mais importantes plataformas digitais: Facebook, Instagram, Twitter, Snapchat, Whatsapp, etc.. E isso faz com que sejamos foco de trabalho e desenvolvimento para as mesmas em muitos aspectos.
Dessa forma, se soubermos aproveitar essa condição para estarmos na vanguarda do desenvolvimento e colocar o digital no papel estratégico que ele pode exercer, temos a oportunidade de surfar a onda ao mesmo tempo que países bem à nossa frente no desenvolvimento da indústria do esporte. Para isso, claro, precisamos entender que esse é muito mais que uma ferramenta de comunicação, mas que pode contribuir para o negócio como um todo, desde a performance dentro do campo, quadra, piscina, etc., passando pela geração de receitas, chegando até a relação com os fãs.
Enquanto no mundo “real” o inventário de propriedades é finito, no digital é o contrário. Trazendo retorno para os patrocinadores e parceiros, a criação de novas oportunidades comerciais pode fazer com que as receitas sejam alavancadas no (ou na falta de) limite da criatividade dos mesmos, das agências e das instituições esportivas. E, nisso, somos reconhecidos mundialmente há bastante tempo.
Da mesma forma, as grades de programação dos veículos tradicionais de transmissão são muito mais limitadas do que o conteúdo existente e da nossa capacidade de criação de conteúdo relevante. Assim, o digital pode ser o caminho para levar esse conteúdo ao espectador, atendendo a uma demanda latente e, também, criando e catequisando um novo consumidor/ espectador.
Esses são apenas dois aspectos em que a indústria do esporte está sendo impactada pelo digital. Temos, mais uma vez, a oportunidade, quase simultaneamente em relação ao resto do mundo, de revolucionar a indústria do esporte no Brasil. Precisamos, para isso, trazer o digital para dentro da estratégia das instituições.
* Post originalmente publicado no anuário da Sou do Esporte.